Ser ou não ser um juiz de futebol da várzea?

Breadcrumb Navigation

Ser ou não ser um juiz de futebol da várzea, eis a questão. Nos meus sofridos 12 anos de apito ainda não sei responder tal questão.

A mente dos árbitros de futebol que se expõem nestas verdadeiras arenas ou circos, que são os campos de futebol da várzea espalhados pelas periferias de nossas cidades que, com ou sem alambrado, deixam o pobre coitado assustado com o local do jogo.

Imaginem apitar um pênalti legítimo contra time da casa, com os torcedores enlouquecidos após uma bebedeira coletiva; como não ser covarde num momento desses? Quererão audácia com um torcedor inflamado que se encontra pendurado no alambrado preste a vir abaixo e aos berros dizendo que vai morrer?

E quando a torcida, como uma manada enfurecida, esquece o mandamento “amarás o próximo como a ti mesmo”, invade o campo e lincha o pobre juiz (que vive sonhando ser um dia um árbitro famoso da FIFA)?

O destemor de um juiz de futebol dos campos sem arquibancada, situados em locais onde até mesmo a policia pensa duas vezes em visitar! Dos times de brutamontes que vêem neste homem vestido de preto alvo predileto de suas fúrias conjugais e extra-conjugais mal resolvidas.

Pergunto: O que tem a ver este pobre ser com o preço alto da batata, se o prefeito atual vai ou não ser reeleito?

Claro, este cidadão naquele momento é o saco de pancada. Mas convenhamos, nem todos os juízes apanham desmerecidamente; segundo o relato de um árbitro que diz ser meu amigo, me disse uma vez que tal juiz é muito ruim e tem que levar uma sova mesmo.

Vejam então, leitores, a classe não é solidária nem mesmo na dor. Surrar e ser surrado passaram a ser tão banal como a prática de um ato fisiológico.

Uma outra peripécia se assim podemos dizer, foi um jogo de futebol amador de Campinas, vivida pelo árbitro Marcelo Luís da Silva, simplesmente Vila Rica x Boa Vista, os patrões do pedaço. O que era bom pra um time não era pro outro e assim foi até o final da partida, onde as comemorações de gols eram de um jeito não habitual, os tiros de rojões não tinham som de tiro de rojão! Acho que me entendem. Pra mim ele foi um herói, pois poucos se habilitariam há estar no seu lugar.

Em geral todos os árbitros são heróis, pois saem do aconchego dos seus lares para expor o couro nestas sangrentas lutas em que o juiz sempre é o perdedor. Cidadãos deste mundo lembrem-vos do Sermão da Montanha e tenham paciência e tolerância para com estes homens vestidos de preto, porque se eles cometem erros como qualquer mortal e sem eles às partidas seriam uma verdadeira “guerra”.

Deixe uma resposta