Caso Rueda fecha a porta para os técnicos estrangeiros no Brasil?

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Nesta segunda o que já era esperado foi confirmado, com a saída de Rueda do Flamengo, aceitando o convite para treinar a seleção chilena. O assunto gerou uma repercussão em toda mídia esportiva. A torcida usou as redes sociais para demonstrar toda sua insatisfação e muitos jornalistas também tiveram um grau parecido de insatisfação, talvez demonstrando um pouco de parcialidade ou talvez querendo fazer média com uma das maiores torcidas do Brasil.

Rueda é um dos melhores técnicos sul-americanos em atividade. Não foi por acaso conquistou uma Libertadores pelo Atlético Nacional da Colômbia, foi sondado pelo Corinthians no começo do ano passado e assumiu o Flamengo cercado de muita expectativa. Infelizmente no Brasil existe a cobrança imediata. Mesmo chegando com o elenco fechado, ele terminou a temporada com seu trabalho questionado por não ter conquistado os títulos da Copa do Brasil e da Sul-Americana (com dois vice-campeonatos).

O ideal era que ele tivesse segurança para montar o elenco da temporada, usando o estadual para testar jogadores e esquema tático para a disputas importantes do ano (Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão). Mas sabemos que isso não seria realidade para o técnico, que seria demitido na primeira sequencia de resultados negativos. O grande problema foi a forma como esta situação foi conduzida pelo técnico.

A medida que as notícias a respeito do interesse chileno apareciam, a falta de um comunicado oficial do técnico dava espaços para incertezas e boatos diversos. Algo que seria resolvido facilmente com um comunicado ou declaração de Rueda para qualquer jornalista ou em rede social. A cada dia as notícias ficaram ainda mais sérias, dando como certa o “sim” do treinador.

Duvido que a decisão tenha sido feita ontem pelo técnico. Como também duvido que os dirigentes do Flamengo tenham ficado sem notícias do treinador durante todo o período de recesso de fim de ano. Isso explica o fato do time carioca ter anunciado Carpergiani logo após a confirmação da saída de Rueda.

O planejamento da temporada rubro negra ficou prejudicado pela indecisão e vejo muito mais “culpados” do que vítimas nesta história. Acredito que pensando na estabilidade do trabalho, o treinador escolheu a melhor opção. Terá tempo para se focar na classificação para a Copa do Mundo de 2022.

O problema é que a saída do técnico traz de volta a discussão sobre a validade de trazermos técnicos estrangeiros para trabalhar no Brasil, ao invés de discutirmos sobre a falta de tempo para que os treinadores em geral possam trabalhar. E também deveríamos estar discutindo o fato que treinadores sul-americanos são sondados para treinar as seleções dos países vizinhos, ao passo que nenhum brasileiro é sequer sondado.

Infelizmente, a curta passagem do colombiano deve fazer com que futuras propostas sejam vistas com restrições para qualquer técnico estrangeiro e ao invés de aprender, iremos continuar um degrau abaixo, sem entender porque os outros países conseguem ter mais sucesso na Europa em seleções do que o nosso “produto nacional”.

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